Viva sem ensaios
E a vontade do consumo chega a
ser maior que a vontade de satisfazer-se, de precisar. E não estou referindo-me
a roupas. Refiro-me a pessoas.
Essa vontade de ter, ter, ter, e
ao mesmo tempo não ter nada. Saber que não tem nada, não importar-se com o
fato, e querer mais daquilo que não tem. Ou não querer aquilo que não tem, querer
somente o que tem, mesmo sabendo que não tem valor algum.
Viver de futilidade, mas não
importar-se com as cordas das marionetes e nem com os sorrisos amarelos das
máscaras. E quantas máscaras!
Às vezes o palco se confunde com
a vida. O jogo de luzes ilumina movimentos precisos e ensaiados mentalmente,
por uma mente maquiavélica, mas que não faz por mal, pelo contrário, faz por
bem, pelo próprio bem, e é ai que engana-se, que contamina-se, que polui-se e
que fere-se, pois já não sabe se está no palco ou na vida.
Anda sob uma corda bamba contínua,
que pende sempre para o abismo, mas como todo bom equilibrista, não presta
atenção na plateia, olha para frente, sempre para frente, segue em frente, mas
sem destino algum. Leva os medos consigo e não pede ajuda, mais uma vez não se
atenta à plateia, prefere ficar com medo.
Pensa ser o protagonista, mas não
vê que é apenas mais um coadjuvante, que ao fim da trama vai sumir, e o pior, é
um daqueles que o telespectador não se importa se morreu, se viveu, se
enriqueceu… Simplesmente porquê não faz falta alguma e em momento algum fez
diferença.
Escolha bem o figurino, sinta-se
bem com ele, acenda as luzes, ilumine a alma. Observe todo o teatro, cada
detalhe, cada espaço, e principalmente cada pessoa, pois a plateia ajuda. Mas,
por favor, lembre-se que quem faz o show é
o ator da vida real, desde que por sua vez não seja mais um coadjuvante, pois
ele, às vezes tem importância, mas nunca torna-se protagonista, até porquê só
há espaço para um protagonista por vida. Ops…
Digo, por história.
(João Dias De Carvalho Neto)